Pular para o conteúdo
Há ocasiões em que a utilização dos próprios gâmetas não é viável para um tratamento de reprodução assistida, pelo que há pacientes que se veem obrigados a recorrer a outras alternativas como a ovodoação ou a adoção de embriões.
O que é a adoção de embriões?
A adoção de embriões é a receção por um casal ou uma mulher de embriões excedentários provenientes de um ciclo de Fertilização in Vitro (FIV) de outros pacientes. Geralmente, estes embriões não foram utilizados pelo casal de onde provêm, pelo que os doam para ajudar outras pacientes a realizar o seu sonho. Esta doação de embriões é um ato altruísta e não tem fins lucrativos, pelo que serão os profissionais do centro que escolherão os embriões para a mulher ou casal que os receberão. No entanto, é importante referir que se trata de uma doação não anónima. Isto significa que:
“Pessoas nascidas em consequência de processos de PMA com recurso a dádiva de embriões podem obter, junto dos competentes serviços de saúde, informações de natureza genética que lhes digam respeito, bem como obter junto do CNPMA informação sobre a identificação civil dos dadores, desde que possuam idade igual ou superior a 18 anos” (n.º 2 do artigo 15.º da Lei n.º 32/2006, de 26 de julho).
Quais os critérios que os embriões devem cumprir para serem doados?
T
endo em consideração que os embriões vitrificados resultaram de tratamentos de Reprodução Assistida, isto significa que já possuem os critérios essenciais para serem doados: apresentar uma boa qualidade e, por sua vez, uma elevada capacidade de implantação.
Segundo o Relatório Anual de Atividades do CNPMA, foram doados 268 embriões a outros casais em Portugal (2022). Ainda assim, as contínuas melhorias técnicas para obter, conservar e implantar embriões fazem com que seja uma opção cada vez mais popular entre os pacientes.
Para conhecer melhor esta técnica, vamos responder a algumas das dúvidas mais frequentes das pacientes.
Quais são as vantagens da adoção de embriões?
Podemos destacar várias vantagens da adoção de embriões:
- Existência de embriões transferíveis com uma boa capacidade de implantação.
- Tratamento simples e minimamente invasivo, uma vez que as pacientes não necessitam de fazer estimulação ovárica, mas apenas preparação endometrial.
- Tratamento mais económico, uma vez que se eliminam os custos laboratoriais e alguns custos de bloco operatório.
Em que casos é recomendada a adoção de embriões?
Em geral, a adoção de embriões é recomendada nos seguintes casos:
- Outros tratamentos de reprodução falharam.
- As pacientes não obtêm ovócitos de qualidade devido a falência ovárica prematura, menopausa precoce ou simplesmente não apresentam resposta à estimulação ovárica.
- Como alternativa à ovodoação ou a técnicas com sémen de dador.
O que é o luto genético?
Uma das barreiras que mais preocupa as pacientes que consideram a adoção de embriões é a carga genética do embrião. Para todas elas, a semelhança física é fundamental, mas não só, também as implicações que a sua origem biológica pode ter para o futuro bebé e para a sua família.
É normal sentir medo ou incerteza quando sabemos que temos de nos submeter a um tratamento em que não utilizaremos os nossos próprios gâmetas, como a ovodoação, a doação de sémen ou a adoção de embriões. Estes tratamentos são muitas vezes acompanhados de um complicado transe psicológico a que chamamos luto genético. Este conceito manifesta-se na impossibilidade de ter descendentes com a mesma carga genética.
É fundamental sensibilizar as pacientes que se encontram nesta situação para a importância do conceito da epigenética e garantir o apoio emocional até atingirem a fase de aceitação. É interessante recordar que ser mãe ou pai não é apenas transmitir os seus genes ao seu filho, mas também incutir-lhe valores, dar-lhe afeto e acompanhá-lo em todos os momentos.
