Infertilidade secundária: porque é que não volto a engravidar?

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A esterilidade secundária é relativamente comum. Muitos casais que não tiveram problemas em ter o seu primeiro filho, passam agora, passado algum tempo, a não conseguir dar-lhe um irmão.

Porque é que isto ocorre? Ter tido uma gravidez anterior não é um fator preditivo positivo? O que é que acontece ao nosso corpo?

Esta incapacidade de engravidar após um ou mais partos anteriores é uma situação mais comum do que pensamos. E pode ser tão emocionalmente stressante como a “infertilidade primária”. O casal passa por sentimentos de autodestruição, de culpa por não poder dar um irmão ao seu filho. E também um sentimento de perda, porque a família não se completa como desejado.

Quais podem ser as causas da infertilidade secundária?

Existem diferentes fatores que podem influenciar a nossa incapacidade de conseguir uma segunda gravidez. De um modo geral, as causas da infertilidade secundária são normalmente as mesmas que as da “infertilidade primária”, ou seja, fatores femininos, masculinos ou de ambos os membros do casal.

Fatores femininos da infertilidade secundária

  • Idade da mulher

Atualmente, uma das principais causas da infertilidade feminina é a idade da mulher. A quantidade e a qualidade dos ovócitos diminuem com a idade, o que é particularmente notório a partir dos 35 anos. Isto verifica-se independentemente de ter havido ou não um parto anterior. Nos últimos anos, a idade em que as mulheres têm o seu primeiro filho tem vindo a aumentar. De acordo com a Pordata, em 1990, as mulheres portuguesas tiveram o seu primeiro filho com 24,7 anos, face a 2022 com 30,8 anos. Assim, isto indica que se uma mulher tiver o seu primeiro filho com quase 31 anos e esperar alguns anos para ter o segundo, é provável que já tenha ultrapassado a barreira dos 35 anos. Devido à diminuição da qualidade ovocitária, o processo pode tornar-se significativamente difícil.

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  • Baixa reserva ovárica

Há mulheres que têm uma baixa quantidade de ovócitos (detetada por uma baixa hormona anti-Mulleriana) desde o seu nascimento, e que a sua primeira gravidez ocorreu quando a sua reserva ovárica ainda era adequada. No entanto, com o passar do tempo, esta baixa reserva ovárica torna-se muito complicada, tanto em termos da quantidade como da qualidade dos ovócitos que permanecem no ovário. Neste caso, uma segunda gravidez torna-se numa missão quase impossível.

  • Fatores uterinos ou tubários

As aderências pélvicas, ou cicatrizes, que podem ter resultado de uma cirurgia abdominal anterior, incluindo cesariana, ou endometriose, podem afetar o bom funcionamento da trompa de Falópio. Ou mesmo libertar substâncias que podem afetar negativamente a qualidade dos ovócitos, a fertilização ou a implantação. Pode também ter-se desenvolvido um pólipo, que é um crescimento benigno ligado à parede do útero, que pode impedir a implantação. Os fibróides e as cicatrizes no interior do útero também podem ter o mesmo efeito. Adicionalmente, a cicatrização das trompas de Falópio, em resultado de uma cirurgia anterior, de uma infeção pélvica ou de outras causas, como a endometriose, pode obstruir as trompas de Falópio. Neste caso, o óvulo não se encontra com o espermatozoide. Além do mais, esta obstrução pode levar à acumulação de líquido tóxico no interior das trompas, hidrossalpinge, o que afetaria negativamente a implantação do embrião.

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  • Fatores ovulatórios

Não é raro que as mulheres tenham diferentes patologias que afetam a ovulação, sendo a mais conhecida a síndrome de ovário poliquístico (SOP). Nestes casos, a primeira gravidez pode ser fácil, apesar de terem ciclos longos ou irregulares que dificultam a determinação do momento da ovulação. Além disso, pode ter ocorrido um aumento de peso após a primeira gravidez, o que pode levar a uma disfunção da ovulação.

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Fatores masculinos da infertilidade secundária

Na altura da primeira gravidez, a qualidade do esperma pode ter estado no limite e, devido à boa saúde dos ovócitos da parceira, isso não foi um problema. No entanto, com o passar do tempo, a fertilidade masculina pode diminuir, devido a problemas de saúde, medicação, stress ou má alimentação. Mesmo que a qualidade seminal não tenha diminuído, a qualidade dos ovócitos diminuiu, pelo que é possível que já não seja tão fácil para os espermatozoides fertilizarem os ovócitos. Este é também um caso de infertilidade secundária.

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    • Fatores ambientais

Viver com uma criança pequena pode ser cansativo, além de muito stressante, dormir pouco, fazer um grande esforço para cuidar das crianças, trabalhar, cuidar da casa, etc., pelo que, em muitas ocasiões, as relações sexuais são a última coisa em que se pensa quando se vai para a cama, reduzindo os coitos nos momentos mais ideais para a conceção, diminuindo assim as possibilidades de gravidez.

Como pode a infertilidade secundária ser tratada?

Existem muitas formas de lidar com este problema, algumas tão simples como uma mudança no estilo de vida e/ou na dieta, e outras mais complexas como a cirurgia para resolver problemas de aderências ou endometriose, ou mesmo a estimulação da ovulação através de medicação. Em alguns casos, pode ser necessário recorrer à inseminação artificial ou à fertilização in vitro, ou mesmo à doação de ovócitos se a mulher for de idade avançada.

Infelizmente, o facto de ter um filho não garante que se possa conceber facilmente uma segunda vez. É o que muitos casais que se encontram nesta situação tendem a pensar, pois são muito menos propensos a procurar ajuda para resolver este problema. Assim, é aconselhável consultar um especialista em fertilidade se, ao fim de seis meses, a mulher com mais de 35 anos não conseguir engravidar ou, ao fim de um ano, se a mulher for mais nova do que essa idade.

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